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Pesquisa da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), em parceria com o Instituto Axxus de Pesquisas (ligado à Unicamp), acende o alerta sobre os riscos do uso desenfreado do crédito consignado no Brasil, em especial do novo produto “Crédito do Trabalhador”, lançado em março de 2025.
O estudo, que ouviu 800 pessoas (400 que contrataram e 400 que apenas simularam o crédito), aponta que o consignado, embora com taxas mais baixas, está sendo utilizado de forma precipitada e desinformada, especialmente por trabalhadores da iniciativa privada. “O crédito consignado, quando bem compreendido e planejado, pode sim ser uma alternativa legítima. Mas o que vemos é um uso altamente impulsivo, com pessoas que sequer sabem quanto pagarão de juros. É uma receita para o endividamento estrutural”, alerta Reinaldo Domingos, presidente da Abefin.
A pesquisa revelou que 36% dos tomadores usaram o crédito consignado para quitar dívidas mais caras, como cartão de crédito e cheque especial. Embora isso pareça uma estratégia de alívio, Domingos alerta para os riscos: “Na prática, muitos estão apenas trocando um problema por outro. Os juros do consignado podem chegar a 7% ao mês para CLT, o que ainda é muito alto. Isso mostra que o crédito está sendo usado como substituição e não como reestruturação.”
Além disso, 29% usaram o dinheiro para despesas com saúde e 26% para reformas domésticas — situações geralmente emergenciais, que evidenciam a ausência de uma reserva financeira. Mais preocupante ainda: 19% disseram ter usado o recurso para comprar eletrodomésticos ou veículos, evidenciando um uso voltado ao consumo e não à necessidade.
Um dos dados mais alarmantes do levantamento é que 83% dos entrevistados que contrataram o crédito não sabem quanto estão pagando de juros. Para Domingos, isso escancara um problema estrutural de educação financeira: “Estamos falando de pessoas que comprometem parte do salário sem sequer entender o custo real disso. É uma decisão que não é racional nem técnica — é puramente emocional ou por desespero.”
A maioria também não recebeu qualquer orientação formal antes de contratar o crédito. Segundo o estudo, 54% não receberam nenhum tipo de informação ou apoio. Apenas 5% obtiveram esclarecimentos diretamente com a instituição financeira. “É inaceitável que um produto financeiro com esse impacto seja oferecido sem orientação adequada. A responsabilidade não pode ser jogada apenas nas costas do trabalhador”, critica Domingos.
Apesar dos dados preocupantes, 87% dos entrevistados afirmaram não se arrepender da contratação. Para o presidente da Abefin, esse número não significa satisfação, mas sim desconhecimento: “É a falsa sensação de segurança. A pessoa resolveu um problema imediato, mas ainda não entendeu o impacto da dívida a médio e longo prazo.”
Outro dado que causa apreensão: 69% não analisaram o impacto do crédito em suas finanças. E entre os que analisaram, metade afirma que consegue pagar, mas com dificuldade — 15% estão inadimplentes com outras contas.
Quase 90% dos entrevistados sabiam que o FGTS seria utilizado como garantia do crédito. Mesmo assim, seguiram com a contratação. Para Domingos, esse comportamento indica uma banalização do uso de um dos principais instrumentos de proteção do trabalhador: “Estamos assistindo à naturalização da renúncia ao futuro em nome da urgência. É como cortar a rede de segurança para apagar um incêndio momentâneo.”
A pesquisa também ouviu 400 pessoas que apenas simularam a contratação do crédito. Entre elas, os dados foram ainda mais preocupantes. A maioria fez a simulação para avaliar se o crédito seria vantajoso (42%) ou por necessidade urgente de dinheiro (29%).
Contudo, 67% não avaliaram adequadamente o impacto da dívida em seu salário. E mais de 50% não sabiam que os juros podem chegar a 7% ao mês. Para Domingos, esse público representa uma bomba-relógio: “Essas pessoas estão na iminência de repetir os mesmos erros dos contratantes. A diferença é que ainda dá tempo de agir — mas só com educação e suporte técnico.”
Outro dado preocupante: 58% dos entrevistados que simularam o crédito afirmaram que não buscaram, nem pretendem buscar, orientação sobre educação financeira. “Essa resistência ou desinteresse por informação qualificada é um reflexo da cultura da urgência. Muitos querem a solução rápida, sem entender que podem estar cavando um buraco ainda maior”, afirma o especialista.
Diante dos resultados, a Abefin propõe medidas concretas para evitar uma crise de endividamento ainda mais grave entre trabalhadores formais: Educação financeira obrigatória antes da contratação, com linguagem acessível; Transparência total nas simulações, incluindo Custo Efetivo Total (CET) e impacto no salário; Criação de plataforma pública de comparação de taxas e condições; e
Fortalecimento da fiscalização, com auditoria sobre a comunicação das instituições financeiras.
“Não podemos continuar permitindo que trabalhadores entrem em contratos sem entender o que estão assinando. A inclusão financeira não é só dar acesso ao crédito — é garantir que ele seja usado de forma consciente e sustentável”, conclui Reinaldo Domingos.
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Atualizado em: 04/08/2025 14:30 |